Não importa se o que ficou para trás foi imperfeito, perfeito ou mais que perfeito – a vida só admite dois tempos verbais: passado e presente. O futuro não conta porque é mera expectativa. E se a vida é uma arte e temos que escolher viver em um desses dois tempos, nossa vida pode ser vivida como uma fotografia ou como um filme.

Viver na fotografia, é escolher um instante isolado e congelar nossa vida nesse tempo… Todos nós vivenciamos momentos bons e momentos ruins… entretanto, muitas pessoas escolhem um desses momentos para viver… Ficam congeladas na fotografia, presas a um lugar, a uma pessoa, a um sentimento… coisas que não voltarão. Feita essa escolha, abandonam o cotidiano para ficar revendo a foto… Avançando na imaginação, passam a supervalorizar aquele instante registrado, esquecendo seletivamente os pontos negativos… Olho para minhas fotos de infância e tenho saudades, mas não fico preso a elas. Apesar de aparecermos todos juntos e sorridentes sei que aquele sorriso refletia só um momento já que o casamento de meus pais foi bastante turbulento. Precisamos ser realistas… do contrário, viveremos num álbum amarelado que só a nós importa.

Por outro lado, viver como um filme é estar em constante movimento… é dar a nossa existência um pouco de drama, de comédia, de suspense… É ter uma trilha sonora para cada momento… Ter tempo para chorar, tempo para sorrir… Tempo para lembrar o passado com saudades e tempo para sonhar planejando o futuro – tudo, sem sairmos do foco… Em algumas cenas seremos protagonistas, em outras coadjuvantes… E enquanto o filme está sendo rodado, dezenas de pessoas contracenarão conosco – e isso é maravilhoso… Dias de chuva… dias de sol… dias de viver.

Deixemos o passado no passado… não podemos ficar parados no tempo… nossas lágrimas e saudades não darão vida às fotografias… Viver, é ação… é ir em frente… é encenar dia a dia um capítulo do filme da nossa história… E quando chegar o The End desse longa metragem, poderemos nos sentar, assistir e nos emocionar com  tudo que vivemos com a certeza de que  viver valeu a pena… (B.J.Falcão)