“Um dia frio, um bom lugar pra ler um livro, e o pensamento lá em você, eu sem você não vivo… Um dia triste, toda fragilidade incide, e o pensamento lá em você, e tudo me divide…” (Djavan)https://www.youtube.com/watch?v=0sDK_87VRS8

As vezes penso que os dias frios foram feitos especialmente para a saudade… Saudade de alguém que ficou para trás em algum ponto do caminho, em nossa trajetória… É como se a ausência do sol nos roubasse momentaneamente a presença do “hoje” e nossos passos, na neblina, retroagissem no tempo… E é nesse retorno imaginário que nos damos conta do quanto percorremos… e que muitas vezes, nossa busca não é por “alguém”, mas sim por nós mesmos…

O espelho nos mostra que estamos envelhecendo… E ao nos olharmos nos olhos, percebemos que o caminho do envelhecer, pode ser um presente ou uma maldição… Será um presente, quando as marcas do rosto e o branco dos cabelos, refletirem o conhecimento acumulado, a espiritualidade atingida, a sabedoria amealhada – o amadurecimento… Será uma maldição quando, depois de uma longa jornada, nossa imagem se mostra um reflexo vazio…

Quando vemos a passagem dos anos como uma maldição, deixamos de viver e passamos a buscar no passado algo que preencha o vácuo de nosso presente… O que nos resta é o saudosismo e o arrependimento por passos tortuosos, pelos tropeços e feridas mal curadas…

Quando recebemos e aceitamos o envelhecer como um presente, olhamos para trás e vemos o aprendizado de cada passo e a importância das vezes que paramos para corrigir a rota… as boas lembranças passam a ser parte de nossa bagagem e, conhecedores do caminho, podemos servir, agora, de exemplo para os que vem depois…

Para os que seguem o próprio caminho, muitas vezes o que resta é a decepção do mundo e angústia da proximidade do fim… Para aqueles que seguem a Deus, o caminho é contínuo, firme na convicção de que, aquilo que chamam de fim, é apenas  mais um passo no caminho de volta para casa…