Para quem ama futebol, é gostoso ver um craque mais velho jogar… ele já não tem o preparo físico, a elasticidade e os reflexos dos jogadores jovens e compensa isso com sua experiência. Seu futebol é sofisticado… Como um maestro – ele rege o time… Conhece os “atalhos do campo” e está sempre no lugar certo na hora certa…

Com visão de jogo, sabe, sem olhar, onde cada companheiro vai estar… Deixou de ser individualista e agora “joga para o time”… Seus dribles perderam a beleza plástica das “firulas”, mas ganhou em objetividade… Respeita o adversário e não foge do jogo, mas evita as bolas divididas… Não se preocupa em arrancar aplausos, mas em fazer o gol decisivo, ainda que de canela ou chutando de bico…

Ciente de sua liderança, o craque assume a responsabilidade nos momentos difíceis, organiza o time e leva os outros jogadores a darem o melhor de si… Os mais jovens olham para ele e dizem: “esse é o cara”… Quando “pendura as chuteiras”, ainda é lembrado, pois tem muito a ensinar…

Na vida, com o passar dos anos, nós também vamos perdendo o vigor físico… É preciso buscar algo mais… A idade deve nos acrescentar mais do que rugas ou dores nas juntas… é preciso adquirir experiência – chegar a maturidade com sabedoria, equilíbrio e espiritualidade… Tornarmo-nos mais sofisticados… Não corremos atrás de mais nada, mas aprendemos a administrar o que temos, seja saúde, dinheiro ou relacionamentos… Antecipamos os problemas de forma a evita-los… Nossa visão está mais apurada – vemos com clareza o todo, de forma crítica, mas com distanciamento e imparcialidade…

Deixamos de ser individualistas… Compreendemos que não “jogamos” sós – a vida é coletiva… Pensamos mais nos outros e sabemos com quem podemos ou não contar… Temos opinião própria, mas evitamos embates desnecessários… Respeitamos os opositores, sem vê-los como inimigos… Trocamos as futilidades pelas coisas objetivas… Sem vaidades, buscamos o resultado de forma simples…

Cientes do respeito que alcançamos, assumimos responsabilidades em momentos difíceis, onde quer que estejamos, levando outras pessoas a darem o melhor de si… Os mais jovens aprenderão a confiar em nós… E quando já nos faltarem forças para liderar, ainda podemos ser bons conselheiros e servir de exemplo…

Por isso, meus amigos, temos que “correr atrás” antes que o jogo acabe… O tempo passa rápido e com ele a juventude, a beleza e a força… Precisamos buscar sabedoria, para não acabarmos como “pernas de pau”… Aqueles que não sabendo envelhecer, guardam suas mágoas como troféus e vivem de saudosismo… Aqueles que perderam o “tempo da bola” e, sem servir de modelo para a nova geração, tem apenas amargura, palpites e críticas sobre a vida. Pensemos nisso. (B. J. Falcão)