EU NUNCA ESTIVE SOZINHA.

“Não tenha medo de ficar só, Deus está contigo”... Como é difícil entender e aceitar essa frase, nas horas de aflição, nos dias de angústia… nos anos de solidão.

O medo de ficar só, faz com que busquemos amparo até em pessoas e sentimentos que ficaram para trás e nos fizeram sofrer:  uma infância miserável, um marido violento,  filhos problemáticos… um relacionamento que não deu certo…  Passamos a afagar o passado como um animal de estimação – algo idealizado, em uma busca de felicidade e amparo que só existiu em nossa imaginação.

Isso nos afasta de Deus e de tudo que nos norteava e dava proteção; e retroagimos na ânsia de reviver tudo o que nos fez chegar aonde estamos: solitários e perdidos nos dias tristes em que não conseguimos sentir a presença e o amor do Pai… E isso faz um   eterno looping em nossas vidas, nos trazendo constantemente de volta ao ponto de onde nunca saímos. Não conseguimos mais enxergar presente ou futuro…

E é dessa forma que o mal age, nos afastando de Deus… Toda essa “loucura humana” nos faz vivenciar uma mentira… Tornamo-nos vítimas do maligno, que vem para roubar, matar e destruir nossa felicidade… Ele rouba nosso tempo, mata nossas escolhas e destrói nosso propósito no mundo...

E só há um remédio para sairmos dessa estagnação: voltar ao caminho do Pai. Com Ele não há culpa ou pecados imperdoáveis. Mas para que a transformação ocorra, em vários momentos, Cristo nos ensinou: vá e não peques mais.

Desde criança a dor da mentira e a ausência de  propósito me perturbavam mais que a solidão, causando verdadeira aflição e escolhas precipitadas e irrefletidas… Hoje, superadas essas questões, o que mais me faz feliz é  reconhecer que, mesmo sem saber, eu nunca estive só. Deus sempre esteve comigo. Ele é minha melhor companhia, amor e conselheiro.

No festival Tooro Nagashi, nossos irmãos budistas soltam belas lanternas orientais nas águas, em homenagem a seus ancestrais.. As lanternas se vão, nos fazendo vivenciar o luto no tempo certo, mas também ensinando a importância de deixar ir o que já não deve estar mais entre nós…

Faça isso também com pessoas e erros – deixe-os ir…  Não com reverencia, mas em um abandono calmo e tranquilo do passado…  Tudo foi um aprendizado e cumpriu seu tempo em nossas vidas… Agora, deixe os ir nas águas do esquecimento… cultuar essas memórias impedem nosso crescimento espiritual e uma transformação interior…

E se a solidão o assaltar, lembre-se, nosso Pai é o único porto-seguro…  A qualquer momento, em qualquer lugar, Ele está ao nosso lado… Ele nos ama e guia… nos protege a alma e alimenta o espírito… Somente Nele você encontrará refúgio e paz, evitando tantas portas erradas para as quais, equivocadamente, tentamos voltar.

(Lú Falcão)