(Manifesto por nossa humanidade)

Me deixem ver as ruas…não as ruas com música eletrônica, cheias do som de quem não escuta ninguém..

Me deixem ver as ruas com gente de verdade, gente que preza a vida.
Gente que não vive do sangue de outras vidas.
Me deixem ver as ruas…ruas de árvores floridas, cercadas de parques e sol de fim de tarde, as belas ruas que se escondem nos bairros nobres.
Me deixem ver todas as ruas…até mesmo as mais humildes, pavimentadas com o padrão da dignidade humana.
Me deixem ver as ruas cheias de vida…da vida que revela a compaixão de Deus e multiplica o amor do Cristo entre nós…
Me deixem ver as ruas…não as ruas com festas vazias, em que risos e gritos só demonstram tantas vidas ocas, sem espantar o desespero contido… – Todos nós vamos morrer! – grita meu vizinho-insensível a dor alheia, embriagado de desamor, numa frase que traz em si, irracionalidade e ignorância Deus me permita ver as ruas, cheias de gente real…e não de autômatos do consumo barato, anônimos comandados por celulares … Deus me permita ver as ruas…com crianças melhores que nós, longe do vício dos jogos eletrônicos, a recitarem Cora Coralina e Thiago de Melo, enquanto brincam entre girassóis… Deus me permita ver as ruas…Ruas iluminadas com a alegria de jovens que queiram a vida e não o suicídio, que ajam para mudar o mundo e não somente a cor dos cabelos…
Me deixem ver as ruas repletas de vida e não dos corpos amontoados pela desgraça de nossos irmãos…
Me deixem ver as ruas, forradas de flores e compaixão cristã, para que eu acredite que o mesmo vírus que levou a muitos redesenhou nossa humanidade…

(Lu Falcão)